Dicas para pedalar na chuva: a fronteira final do ciclista urbano

Pedalar na chuva pode parecer impossível para a maioria das pessoas, mas basta tomar algumas medidas simples para que você possa manter a liberdade até debaixo d’água. Comece pensando no seguinte: se você deixar de pedalar num dia de chuva e sair de carro ou ônibus, vai acabar ficando preso no trânsito, que fica mais lento, em um coletivo fechado, lotado.

Primeiro, é preciso perder o medo. Para conseguir encarar a chuva é preciso compreender que ela é parte da vida. É fundamental para a produção de alimentos, para a sobrevivência de animais e plantas, para regular a temperatura do ar e até para limpar um pouco a poluição de nossas cidades. Aceite-a como um presente da natureza, como parte essencial do que somos e de quanto caminhamos como espécie para chegar aqui. Chuva é vida.

Com que roupa eu vou?

A melhor solução é usar uma capa de chuva, de preferência do tipo poncho, que cobrirá todo seu tronco, cabeça e boa parte das pernas. Existem capas específicas para o uso com bicicleta, com tecido leve e aberturas estratégicas, como essa:

A solução mais barata, e nem por isso menos eficiente, são aquelas capas de chuva transparentes e descartáveis que são vendidas até em bancas de jornal. Dobrando com cuidado depois de seca, você consegue usar mais de uma vez.

Para não ficar mais molhado por dentro da capa do que por fora, pedale mais devagar, respire com calma e faça mais paradas. E não esqueça de beber água, que se estiver gelada ajudará a resfriar seu “motor”.

 

Pés secos

Uma alternativa barata e bastante eficiente (ainda que tenha um visual nada elegante) é envolver os pés com sacolas plásticas, daquelas de supermercado. Mas atenção: é importante manter as meias dentro da proteção da sacola também, para que a água da chuva não infiltre por elas! É recomendável o uso de duas sacolas em cada pé, uma por cima da outra.

Há também a opção de usar um calçado que você não se importe em molhar, levando outro protegido na mochila, para trocar quando chegar ao destino.

Ensaque tudo

Coloque tudo dentro de sacos plásticos, sempre. Nada mais frustrante que chegar ao destino esperando vestir a roupa seca da mochila e ela estar toda molhada. Não corra o risco de estragar seu celular, mp3, agenda, etc. Guarde eletrônicos e papéis numa sacola plástica e coloque dentro da mochila ou alforje. Se você tem um bagageiro, coloque a mochila toda dentro de uma sacola plástica grande antes de prendê-la.

 

Roupa extra

Quando chegar ao destino, é importante trocar logo todas as peças de roupa que ficaram molhadas (ou improvisar um jeito de secá-las, usando, por exemplo, o papel toalha do banheiro). Se você tem uma gaveta no escritório, deixe nela calça, camiseta ou camisa e um par de meias. Senão, leve tudo numa sacola, dentro da mochila.

Não é tomar chuva que pode te deixar doente: é ficar com o corpo gelado por causa da roupa molhada, depois que passar o calor da pedalada. Principalmente se você estiver em um ambiente com ar condicionado.

 

Paralamas

Paralamas são importantíssimos. A chuva que cai do céu é limpa, mas a água que o pneu tira do chão e joga para cima é bastante suja, seja por terra e poeira ou por causa do óleo que cai do motor dos carros. Sem paralamas, essa água vai direto no seu rosto e nas suas costas. Quanto mais “envolvente” for o paralama, melhor. Se você tem bagageiro, é altamente recomendável colocar um paralama por baixo dele, senão é a sua bagagem que vai conter a sujeira do asfalto.

 

Luvas

Em dias de chuva, tornam-se ainda mais úteis, para que suas mãos não escorreguem no guidão. No frio, é melhor usar as de dedo fechado, para que a mão não enrijeça. O importante é que seja um modelo em que a mão não escorregue na manopla, por isso é bom comprar luvas próprias para ciclismo.

 

Cuidados nas ruas

Fique atento para não escorregar, principalmente logo que começa a chover. O óleo que cai dos carros se mistura com a água e o chão fica escorregadio. Atenção extra nas descidas, não deixe a bicicleta pegar muita velocidade para não precisar frear bruscamente.

As faixas de pedestres e outras sinalizações de solo também ficam escorregadias na chuva. Evite frear em cima delas. Grelhas e tampas de bueiro também podem escorregar. E aquelas chapas lisas de metal, usadas para cobrir reformas e buracos no asfalto, viram um sabão quando chove, muito cuidado.

Se não tiver como desviar de algum desses pontos de risco, mantenha a bicicleta “imóvel” enquanto estiver passando por cima, seguindo em linha reta sem virar o guidão nem mudar o centro de gravidade. E, em hipótese nenhuma freie, deixe para depois que os pneus voltarem ao asfalto.

Evite passar por locais onde há acumulo de água que não lhe permita ver o que há no asfalto. Pode haver um buraco ou uma tampa de bueiro aberta!

Durante chuvas fortes, a visibilidade dos motoristas cai muito e você vai enxergar muito melhor que eles. Parta sempre do princípio de que o motorista não o viu e pode entrar na sua frente sem aviso. Acenda as luzes da bicicleta, mesmo de dia, e evite avenidas movimentadas.

 

Primeira vez

A primeira chuva a gente nunca esquece, principalmente quando ela nos pega de surpresa. E a primeira tempestade vencida é uma libertação. Você percebe que as condições do tempo não mais lhe impedem de escolher a bicicleta, mesmo em dias improváveis.

Pedalar na chuva tem gosto de molecagem que a mãe não deixa fazer, de transgressão lúdica de uma regra boba dos adultos, de ser dono do próprio nariz e fazer o que bem entende. É a última barreira vencida.

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