Consumo de água mineral aumenta no mundo todo

O consumo de água mineral tem crescido no mundo inteiro. Globalmente falando, as vendas de água engarrafada cresceram 6% desde 2008, segundo a Canadean, especializada em pesquisas de mercado. Se mantiver essa tendência, até o final deste ano a água passa a ser a mais vendida entre os soft drinks (categoria que inclui os carbonatados, como refrigerantes).

O crescimento desse consumo vem sendo puxado pelos países da Ásia, com destaque para a China. Estima-se que as vendas de água mineral na região chinesa deve crescer 12% – quase o dobro do que deve crescer o segundo lugar, o Oriente Médio. Na América Latina, o aumento estimado para o período de 2011 a 2016 é de 4%.

Segundo reportagem da Financial Times, são vários fatores que estão levando às pessoas a optarem por comprar água engarrafada. Além dos problemas de abastecimento, alguns governos aumentaram os impostos sobre produtos com alto teor de açúcar. Há ainda uma preocupação maior da população em consumir bebidas mais saudáveis. Mas essa consciência acontece de forma mais abrangente apenas em países europeus, onde o crescimento previsto do mercado no período será de apenas 2%.

China é o país que mais consome água engarrafada

Os europeus também estão bebendo mais água. A diferença é que lá, ao contrário do que acontece na maior parte das regiões dos países em desenvolvimento, a água boa vem da torneira mesmo – e é de graça.  Mas em nenhum país o consumo do produto vem aumentando tanto como na China. As vendas no país dobraram nos últimos cinco anos, chegando a 33 bilhões de litros em 2014.

Com o avanço, a China ultrapassou os Estados Unidos, tornando-se o maior mercado de água engarrafada do mundo. Os fabricantes locais – há milhares deles – ainda detêm a maior parte das vendas. Mas em um mercado em ebulição, há cada vez mais espaço para as grandes marcas ocidentais.

Diferentemente da Europa, nos países asiáticos há um fator adicional para explicar o ímpeto dos consumidores de água engarrafada: a dificuldade em conseguir água de qualidade no país. Nos últimos 60 anos, a China perdeu metade de seus rios e a água que sobrou (em rios, lagos e lençóis subterrâneos) está poluída. O governo vem realizando obras em escala monumental para tentar abastecer a população crescente, mas há problemas que parecem intransponíveis para garantir a qualidade daquilo que está sendo fornecido.

Qualidade da água da torneira na China não é boa

O problema é ainda maior nas grandes cidades, infladas pela migração das últimas décadas. Uma reportagem da The Economist descreve o drama vivido pelos chineses: mesmo nos raros casos em que a água atende aos padrões mínimos de qualidade na fonte, seu consumo pode ser prejudicial depois de percorrer as tubulações em decomposição espalhadas pelo país.

A reportagem também relata a falta de controle das autoridades sobre os produtores locais. Em geral, há pouca fiscalização e o nível de tolerância à presença de metais pesados nocivos à saúde (como cádmio e arsênio) na água engarrafada é alto demais. Em dezembro passado, descobriu-se que 1/4 da água engarrafada vendida em Xangai estava contaminada com bactérias.

Por isso, quem tem dinheiro corre aos supermercados para comprar água – e, muito melhor, na concepção deles, se na garrafa estiver estampado o rótulo de uma marca com reconhecimento mundial. Vendidas com essência de frutas exóticas ou em sua composição mais pura, a água de marcas mundiais pode custar até 18 yuan (aproximadamente R$ 9) – contra 1 yuan (R$ 0,50) cobrado, em média, pelos produtos de fabricantes locais.

Fonte: Época Negócios

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