Consumidores procuram torneiras e descargas que economizam água

Foi preciso uma grande crise hídrica no Brasil para que as pessoas se conscientizassem da importância de se economizar a água. A crise levou os brasileiros a procurarem alternativas para não desperdiçar esse recurso que é essencial para a vida. Segundo os fabricantes de vasos sanitários, chuveiros e torneiras que economizam água, a venda desses produtos cresceu pelo menos 30% desde 2014.

“Há alguns anos, a prioridade era ter água em abundância, com chuveiros e torneiras com muita água. Isso vem mudando ao longo dos anos, e se intensificou durante a crise hídrica. Hoje, o consumo de produtos economizadores de água cresceu de 30 a 40% em relação aos últimos anos”, aponta Marcio Cavuto, gerente de marketing da Roca.

Com a preocupação entre os consumidores, Osvaldo de Oliveira Jr, coordenador de engenharia de aplicação da Deca, afirma que houve uma intensificação no lançamento de produtos com foco em economia de água para o início de 2015. “A Deca tem lançado sistematicamente uma grande quantidade de produtos todo ano. O que aconteceu em 2015, sem dúvida alguma, foi um maior enfoque na questão de economia de água”.

“A gente sempre tem uma listagem de produtos que vão ser desenvolvidos com um prazo grande, de um ano de antecedência. O que acabou acontecendo foi que, dentro dos esquetes que a gente tinha, demos um enfoque maior para a economia de água”, explica Oliveira. Produtos da marca que já existiam foram “relançados” com tecnologia para economizar água, como fechamento automático de torneira. “Foram 7 linhas de produtos que já existiam, que receberam esse mecanismo novo”, conta ele.

Já Cavuto afirma que não houve alta em lançamentos de novos produtos pelo aumento da demanda, e, sim, um fortalecimento da promoção desse tipo de item. “Não lançamos nenhum produto depois da crise. O que mudou na nossa postura foi que nós ficamos mais perto do cliente com relação a informação. O consumidor está mais atento, busca um produto mais econômico, então é importante que eu promova essa informação junto ao ponto de venda”, diz o representante da Roca. “Quando o cliente muda a forma de consumir, o vendedor muda a forma de vender.”

Oliveira aponta que houve também aumento pela procura de orientações para solucionar problemas de desperdício, como vazamentos e mudança de hábitos. “Temos um programa que leva algumas soluções de serviços para edifícios em geral, de indústrias a condomínios. No primeiro semestre de 2014, tivemos 16 procuras na g rande São Paulo. No segundo, o número subiu para 45”, compara.

Do banheiro da empresa para o de casa

Uma mudança em comum aos fabricantes trazida pela crise foi a transformação de tecnologias de economia de água para vasos e torneiras de prédios comerciais para residências.“A gente sempre teve portfólio voltado à questão de economia de água com muitas soluções para edifícios públicos. O que a gente teve agora foi uma ampliação, com produtos voltados a edifícios residenciais”, diz Oliveira.

Cavuto cita entre esse tipo de tecnologia a válvula de fechamento automático de torneiras depois de alguns segundos de uso, típica em prédios comerciais, e que começou a ser procurada para instalação em residências. “Uma torneira que você aperta e ela fecha sozinha tinha um consumo basicamente voltado para locais públicos. Hoje, você já começa a ter uma procura para residências que não existia. Isso é um sintoma de mudança de hábito em função da crise hídrica”, comenta ele.

Porém, os mictórios, que usam 600 mililitros de água por acionamento, enquanto uma descarga com tecnologia para economizar água gasta no mínimo três litros, ainda tem pouco apelo entre os consumidores residenciais, segundo Cavuto. “Mictório é um item que gasta muita pouca água. O que a gente vem tentando promover é uma migração do uso do mictório. Em vez de ser pensado estritamente no uso de ambiente público, poderia ser pensado também em ambientes residenciais, como churrasqueira, salão de festas. Já se começa a pensar, mas é pouca a procura. A crença é de que o mictório é para ambiente público.”

Descarga simples está caindo em desuso

Outro item que passou a ser mais procurado pelos consumidores, segundo os fabricantes, é a bacia sanitária com acionamento duplo – com opções de descarga para líquido ou sólido.“Quando as construtoras vão comprar produtos para apartamentos novos, por causa de centavos ou poucos reais prefere a com mecanismo simples. Mas o consumidor final, quando pode escolher, prefere o de duplo acionamento. Antes da crise já tinha essa preferência, mas agora tudo agrava”, diz Oliveira. “Dado o volume de produção das bacias com duplo acionamento, eu diria que estão fadadas ao desuso as mais antigas de um botão só.”

Existe tecnologia para fabricar bacias com acionamento duplo de 2 a 4 litros de água, para aumentar a economia, segundo Cavuto e Machado. Porém, no Brasil, as bacias com acionamento duplo precisam ter jatos de no máximo 6,8 litros para dejetos sólidos. A norma é do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat, ligado ao Ministério das Cidades. O órgão determina que, para dejetos líquidos, seja utilizado um volume de água correspondente a dois terços do jato para sólidos – ou seja, no máximo 4,5 litros.

Fonte: G1

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